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Origem das gueixas

   O modo como a sociedade japonesa foi organizada durante o governo dos xóguns da família Tokugawa, conhecido como a Era Edo (1603 – 1867). No século XVII, nas primeiras décadas do estabelecimento do xogunato, crescentes medidas de controle da vida civil foram tomadas objetivando não só estabilidade interna, mas a manutenção do clã Tokugawa no poder, o que deu à sociedade como um todo uma forma feudal, rígida e hierarquizada, de pouca mobilidade de uma classe a outra e fechada em si mesma. Influências externas, como o cristianismo, eram vistas como negativas e subversivas, de tal modo que em 1637 um édito do xogunato ordenou a proibição do comércio e da vinda de navios europeus (excetuando os holandeses da Cia. das Índias, que eram tolerados por não misturar religião ao comércio, e que ficavam isolados em uma ilha perto de Nagasaki) e a expulsão dos estrangeiros, impondo um isolamento do Japão que se estenderia por dois séculos.
Tokugawa Ieyasu

   O controle do governo sobre a sociedade civil atingiu em especial as mulheres. Excetuando os papéis de mãe, esposa e dona de casa, não havia uma profissão que uma mulher pudesse exercer, que não fosse na condição de auxiliar de seu marido na agricultura, ou num comércio dirigido pelo esposo – trabalhos que eram considerados “obrigação” da mulher e que, por isso, não recebia uma remuneração específica. A falta de opções de profissões para as mulheres foi agravada em 1629, quando por lei o xogum tornou o teatro uma atividade proibida às mulheres. Impedidas de praticar atividades de entretenimento em público, os palcos foram rapidamente ocupados por homens travestidos, para substituir a presença feminina em cena. Não tendo um marido ou uma família que a sustentasse, restava à mulher apenas a prostituição como meio de subsistência.
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    A palavra geisha significa literalmente “pessoa da arte, artista”, e ela foi originalmente usada para designar comediantes e músicos que se apresentavam em banquetes e festas particulares no século XVII. Assim, as primeiras gueixas não foram mulheres, mas homens. Os otoko-geisha (artistas masculinos) eram especializados em entreter pequenas platéias em festas, dançando, cantando contando histórias e piadas. Como os palcos estavam proibidos às mulheres, as festas privadas tornaram-se os únicos lugares onde as mulheres podiam tocar música, dançar e cantar, e assim surgiram as onna-geisha (artistas femininas).
   Entretanto, aquela era uma época em que a atividade artística e prostituição se confundiam. Donos de pousadas e de casas de chá ofereciam suas funcionárias, que de dia eram arrumadeiras e garçonetes, como prostitutas à noite, ao que se dava o sutil nome de “serviço de travesseiro”. Nem sempre se tratava de prostituição voluntária – patrões inescrupulosos diziam às empregadas “agrade o cliente ou vá embora”. Em sua origem o teatro kabuki era predominantemente feminino, porém muitas dançarinas de kabuki se prostituíam e escândalos de samurais envolvidos com elas na capital foram a causa da proibição de 1629.    Assim, a clientela dos banquetes não esperava menos das mulheres artistas. Embora durante muito tempo a atividade de gueixa confundiu-se com prostituição, a partir do século XVIII medidas que oficializaram e regulamentaram a prostituição acabaram distinguindo as prostitutas das gueixas.

Fonte:http://www.culturajaponesa.com.br/?page_id=324

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